Sempre ouvi falar sobre Lolita. Um filme, umas tantas
músicas, um estilo no universo das garotas de Harajuku. Será que tudo isso
tinha o mesmo ponto de origem?!, eu me perguntava. Decidi ler o livro para sanar minhas dúvidas.
Há quem diga que é doentio. Eu concordo, mas acho que
escrever sobre algo tão assombroso com sensibilidade e humor é o que torna esse
livro especial.
O livro começa logo com um primeiro capítulo triunfal, parte
preferida de muita gente que leu, (não minha) onde eu encontrei uma das frases
iniciais mais lidas da minha vida “Lolita, light of my life, fire of my loins” (que
só perde para o início de Orgulho e Preconceito). Em seguida, o narrador fala
de suas origens e sua infância para assim localizar a questão principal do livro,
a pedofilia. Sem mais spoilers, esse é o assunto que gera toda a polêmica em
volta da história, que foi recusada por diversas editoras antes de por fim ser
publicada em 1955.
Aconselho um pouco de sangue frio pra ler “Lolita” e, por
incrível que pareça, bom humor. E neste caso, o bom humor é uma forma deturpada
de mau humor. A mesma forma que o narrador usa para contar certas passagens do
livro, como no trecho a seguir:
“Teria criado sérias dificuldades para minha Lô, caso eu
realmente quisesse colocá-la em dificuldade. Mas quem desejaria perturbar uma
menina tão radiosa? Por acaso já mencionei que seu braço nu trazia a marca em
oito da vacina? Que a amava perdidamente? Que ela só tinha catorze anos?”